A droga da obediência - Pedro Bandeira


Vamos falar de um daqueles livros que a gente lê quando mais novo, mas não esquece! Doei muitos dos meus livros infanto juvenis, mas guardo com carinho "A droga da obediência", que herdei de uma prima. Sou suspeita para falar de Os Karas, queria ser um deles quando pré-adolescente (estão abertas as inscrições? haha). Confesso que até tenho receio em fazer a releitura e perder o encanto de acompanhar as aventuras daqueles que são "o avesso dos coroas, o contrário dos caretas"!

Li A droga da obediência com uns dez, doze anos. A minha versão é aquela da algema e confesso que sempre que olhava a capa, pensava se aquele livro realmente era infantil. Depois de ler o primeiro, não quis mais parar. Inclusive, meu aniversário está chegando... fiquem a vontade para me dar "A droga da amizade", que é o último volume e que eu ainda não li.

Mas vamos lá!

Em A droga da obediência, alunos dos melhores colégios de São Paulo começam a desaparecer, sem motivo aparente e, talvez, haja alguma ligação nestes sumiços.

Os Karas entram em ação. Quem são? Um grupo de quatro, adolescentes que se reunem no quartinho de limpeza do Colégio Elite. um lugar escuro e que ninguém conhecia. Ninguém, menos Chumbinho. E o pior: o garotinho conhece todos os códigos dos Karas, o código vermelho, o tênis polar... Caramba! Justo agora que os Karas tem uma missão de verdade, aparece alguém para atrapalhar. Mas será mesmo?

Quem está por trás desta macabra história é o Doutor Q.I., que como sugere o nome, possui uma inteligência elevada. Entretanto, a utiliza como instrumento de dominação. (Sem mais, porque não acho legal dar spoilers).

Os Karas demonstram um protagonismo jovem, a busca por uma vida digna, pelo respeito, a coragem de vencer o conformismo adulto. Nas palavras de Bandeira: "Ai, quem me dera que um mundo de jovens de órbitas vazias fosse apenas ficção."

Cabe a reflexão, será que realmente somos livres ou somos manipulados o tempo todo. O livro questiona a busca pelo poder e o que ele pode causar. Clichê? Não. Realidade, e atual! Bandeira diz que idealizou este livro quando sofria de uma crise dor de cabeça extremamente forte, cujo remédio era uma injeção que, simplesmente por motivos comerciais, deixou de ser produzida. E assim, ele começou a questionar o monopólio do poder, do dinheiro, a manipulação a que estamos sujeitos.

Para finalizar, uma mensagem de Miguel, um dos integrantes de Os Karas:

" Eu só entendo que a minha capacidade de criticar o que eu ouço e vejo e a minha capacidade de contestar tudo o que descubro de errado é que fazem de mim um ser humano! É a minha capacidade de desobedecer que faz de mim um homem!" (Página 127).

Nenhum comentário